Alexandre Barbosa Nogueira
(in memoriam)
Meio perdido nesta imensa Terra,
Sabendo e não sabendo de onde vim,
Sabendo e não sabendo aonde vou,
Sozinho, acompanhado, vou seguindo
Sem rumo, a rastejar pequenos voos,
Vou perfurando túneis à vontade...
Rodopiando em voos, caio no chão,
Fechando estradas, abro meus caminhos,
Que não são meus, nem sei de quem mais são.
Estou numa cidade de animais
A se moverem sobre duas patas...
São animais estranhos, tão estranhos,
Que se transformam quase todo dia:
Despertam, ao surgir o sol nascente,
A boca se escancara, mostram dentes;
Uma cabeça em cima do pescoço,
Dentro dela milhares de milhares
De pensamentos vão se construindo
E construindo vão mil fantasias...
Lá no trabalho, então, outro animal
Retira sua cabeça do pescoço
Coloca sua cabeça na barriga...
Estranhas mutações vão transformando
Este animal, que sonha, em bicho feio:
Numa fera que fere e sai ferida.
Este animal que pensa co 'a barriga
Sua moral só é sobrevivência...
Aqui, ali, um ser inteligente,
A mostrar instigante esquisitice
Uma cabeça grande, muito grande,
A flutuar no espaço sideral,
Enquanto rastejando vai seu corpo
Um tanto maltrapilho e emagrecido.
Ao pilotar alguém certo avião,
Soltando bomba atômica assassina,
Assim foi Yroshima destruída,
Depois foi arrasada Nagasaki;
Os monstros assassinos transformados
Nos maiores heróis da humanidade,
Permanecem ainda ameaçando
Todo o planeta Terra com seus gases,
Intercontinentais mísseis de guerra
Contra qualquer que seja que discorde
De seu jeito de ser e de pensar.
Às vezes eu me sinto um forasteiro
Trazido d'outros sóis, d'outras galáxias,
D 'outros planetas, d'outras dimensões,
Perdido e desprezado aqui na Terra.
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