22 março, 2017

BORBOLETAS

Por:
Aline de Mello Brandão
Regional PARÁ
E-mail: alinefmb@yahoo.com.br









O choro de Deus
bubuiou 
no quente empoeirado da terra

o peito alto dos morros
desmoronou
nas cachoeiras e cacimbas 
nascendo os rios de muitas voltas

Ouviu-se o tempo umedecido
na caáuna 
e no escuro das folhagens.

A mãe do dia, que via,
e que a tudo assistia
rasgou nas mãos bem fininho
o tecido colorido 
do véu da saia e fez asas
a revoar
muito leves
no quase dia tão claro

Canto de araras saudaram
todos os seres alados
e a floresta sussurrou
novo som amanhecido
resguardando o delicado
no aceso olho de Deus.




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