03 outubro, 2017

BENU, O PÁSSARO

Por:
Carlos Frederico Almeida Rodrigues
Regional PARANÁ
E-mail: rodriguescfa@hotmail.com
















No princípio era o céu e a árvore, e o dia fez-se luz por sobre o horizonte. Benu, o pássaro, que fora feito para voar, voou para longe, para a imensidão do forte, para novas árvores e horizontes. Então, fez-se a noite do primeiro dia.

No amanhecer do segundo dia, o pássaro ainda voava, fora feito para isso, mas sentiu saudade da sua árvore, que lhe era conhecida e voltou trazendo ramos das árvores do norte e construiu uma cama. Viu que isso era bom e fez-se a noite do segundo dia e ele adormeceu.

Amanheceu o terceiro dia e o pássaro voou, pois fora feito para isso, foi para o Sul, viu a ganância e o ódio, conheceu a devastação e a exploração, teve que lutar para sobreviver e foi-se o dia e a noite do terceiro dia.

Amanheceu o quarto dia e Benu não voava, embora tenha sido feito para tal. Acostumou-se a lutar e a sobreviver, tornou-se parte dos ventos do sul.

No quinto dia, ele retornou, com diversos galhos para sua árvore, galhos que acumulou na luta e que eram tão pesados que quase não o deixavam voar, embora tivesse sido feito para isso. Encontrou sua cama e arrumou-a, viu que o vento norte insistia em desfazê-la e com o restante dos galhos acumulados construiu uma parede para proteger sua cama de Bóreas, que insistia em arrebatá-lo.

No sexto dia, protegido de Bóreas, entregou-se para Noto e acumulou tantos galhos que já não voava, embora fosse feito para isso, levantou paredes, entrou em casa, construiu um teto e foi-se o dia e a noite do sexto dia.

No sétimo dia, o pássaro descansou. Tão saudoso de voar (lembrava vagamente do que era) que tentou olhar para o céu, mas o teto não deixou e fez-se, então, a noite eterna do sétimo dia.


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