Carlos Frederico Almeida Rodrigues
Regional PARANÁ
E-mail: rodriguescfa@hotmail.com
No
princípio era o céu e a árvore, e o dia fez-se luz por sobre o horizonte. Benu,
o pássaro, que fora feito para voar, voou para longe, para a imensidão do
forte, para novas árvores e horizontes. Então, fez-se a noite do primeiro dia.
No
amanhecer do segundo dia, o pássaro ainda voava, fora feito para isso, mas
sentiu saudade da sua árvore, que lhe era conhecida e voltou trazendo ramos das
árvores do norte e construiu uma cama. Viu que isso era bom e fez-se a noite do
segundo dia e ele adormeceu.
Amanheceu
o terceiro dia e o pássaro voou, pois fora feito para isso, foi para o Sul, viu
a ganância e o ódio, conheceu a devastação e a exploração, teve que lutar para
sobreviver e foi-se o dia e a noite do terceiro dia.
Amanheceu
o quarto dia e Benu não voava, embora tenha sido feito para tal. Acostumou-se a
lutar e a sobreviver, tornou-se parte dos ventos do sul.
No
quinto dia, ele retornou, com diversos galhos para sua árvore, galhos que acumulou
na luta e que eram tão pesados que quase não o deixavam voar, embora tivesse
sido feito para isso. Encontrou sua cama e arrumou-a, viu que o vento norte
insistia em desfazê-la e com o restante dos galhos acumulados construiu uma
parede para proteger sua cama de Bóreas, que insistia em arrebatá-lo.
No
sexto dia, protegido de Bóreas, entregou-se para Noto e acumulou tantos galhos
que já não voava, embora fosse feito para isso, levantou paredes, entrou em
casa, construiu um teto e foi-se o dia e a noite do sexto dia.
No sétimo dia, o pássaro descansou. Tão saudoso de voar (lembrava vagamente do que era) que tentou olhar para o céu, mas o teto não deixou e fez-se, então, a noite eterna do sétimo dia.
No sétimo dia, o pássaro descansou. Tão saudoso de voar (lembrava vagamente do que era) que tentou olhar para o céu, mas o teto não deixou e fez-se, então, a noite eterna do sétimo dia.
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