Por:
Milton Hênio Netto de GouveiaRegional ALAGOAS
O problema do sofrimento, sempre move profundamente
o ser humano especialmente a dor de pessoas dignas e inocentes, aí, então,
abala e desconserta ainda mais.
Li, recentemente, um livro intitulado "Quando
coisas ruins acontecem a pessoas boas". O autor é um rabino, o Dr. Harold
Kusnher, que passou pelo grande sofrimento de, ao lado da esposa, após muitos
anos de espera, assistir ao nascimento de seu filhinho portador de uma doença
rara, aprogéria, ou seja, doença caracterizada por uma velhice precoce. A vida
nos mostra um desfilar imenso de casos semelhantes relacionados com outras
doenças, como leucemia, câncer no cérebro, paralisia cerebral, em crianças que
são, muitas vezes, filhos únicos. O fato é que em todos esses casos de
sofrimento motivado por vários fatos os pais, no desespero, sempre perguntam:
"Por que Deus fez isso comigo?" 0 rabino, autor do livro, também fez,
depois de muita reflexão, essa mesma pergunta a própria esposa. E ele mesmo
responde: "Estou convencido de que Deus não quis o meu sofrimento nem da
minha esposa. Prefiro dizer que continuo acreditando na justiça e na grande
onipotência de Deus. E continua. "Não é Deus que causa a tragédia, a
doença e o sofrimento; acredito que existe uma "aleatoriedade" no
Universo e a natureza é moralmente cega. Um terremoto não distingue entre pessoas
boas e ruins. Nem o câncer. Nem o derrame cerebral. Nem a progéria. Não aos
atos de Deus, e, sim, acesso da natureza.
Para isentar Deus da responsabilidade do mal, o
autor defende a tese de que o homem, ao habitar esta terra, tem a liberdade de
escolher entre o bem e o mal, o trabalho que quer exercer, o local onde deve
morar, e todos esses fatos estão relacionados sempre com o acaso, que vai
moldando ou induzindo atitudes e ações que podem causar bem-estar ou danos ao
organismo.
Acontece que Deus, tendo dotado as criaturas de
natureza e leis próprias, permite que elas ajam de acordo com a sua índole característica:
os irracionais, agem de maneira instintiva, os racionais como o homem, de maneira
livre. Deus não quis fazer um mundo de "marionetes", policiados,
previamente, de sorte que tudo ocorresse segundo uma "harmonia"
preestabelecida. Ele preferiu deixar a espontaneidade de ação às criaturas.
O sofrimento, segundo os teólogos, nos aproxima de
Deus e nos dá coragem para enfrentar os obstáculos. Através da oração, de um diálogo
afetivo com o Cristo, as pessoas em sofrimento descobrem que têm mais força e
mais coragem do que jamais pensaram em ter.
São inúmeros os santos que conquistaram a amizade do
Cristo, não porque foram predestinados, mas pelo esforço e a coragem sempre
presente em suas vidas de vencer os obstáculos e o preconceito da época.
Deus é mistério. Santo Thomas de Aquino estudou
exaustivamente as causas do sofrimento humano e não encontrou explicações
suficientes. Jô foi o primeiro a ser testado por Deus diante do sofrimento. A
onipotência de Deus não obedece a planos de projeções humanas, mas a planos de
sabedorias e amor que ultrapassam as possibilidades meramente humanas.
Nesta passagem pela terra, cheia de alegrias e
tristezas, o homem encontra mais obstáculos do que prazer. Se ele não tiver uma
força interior, um grau de espiritualidade suficiente que possa abrir caminhos
e ajudá-lo a enfrentar as dificuldades, ele baqueia. Quando o sofrimento
bater-lhe a porta solicite ajuda. Foi o próprio Cristo que se prontificou a nos
atender: "Pedi e recebereis".
"Estou com você todos os dias. Nunca
desespere".
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