Márcio Ribeiro Leite
Regional BAHIA
Email: dr.biboleite@yahoo.com.br
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Hoje, com mais de trinta anos de exercício da medicina, quanto menos parecer médico, melhor. Não porque não ame e respeite a minha profissão, mas porque já não tenho a mesma ideia do que significa o binômio saúde/doença, e, principalmente, não vejo mais o ser humano, o ente aflito que me procura, do mesmo modo.
Estou cada vez mais distante da ideia ordinária e tradicional de como um médico deve ser. Estou também cada vez mais longe de interpretar a enfermidade como algo simplesmente ruim. Agora sou capaz de entender a enfermidade como um regime reeducador para um sistema que ultrapassou limites. Uma via de cura, afinal.
A organização primordial está na alma humana, o corpo apenas responde por afinidade. Na grande maioria das situações, são os conflitos anímicos que determinam as patologias. O papel do corpo é quase sempre coadjuvante. Dá trabalho chegar até aí, encarar o desconhecido que a psique (alma) representa, mas de que outra maneira pretendemos "curar" alguém?
A "cura" do corpo, apenas, não é duradoura. A doença cede aqui, reaparece ali, muda de nome e endereço, mas permanece. Pior, se aprofunda. A medicina do futuro, que já vislumbro em meus estudos e projeções - quântica, se chamaria? - precisará ir fundo na alma humana, entender sua linguagem. Foi encontrando a minha própria alma que descobri a alma do outro.
Em tempos atuais, com tanta pressa e imediatismo, nos satisfazemos, enfermos e curadores, com uma prática meia boca.
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