Por:
Sérgio Gemignani
Regional SÃO PAULO
E-mail: sergemig@gmail.com
Submissão,
submeter-se, obedecer sem nenhuma reação não é próprio da espécie humana.
Mecanismos
são disparados para conter essa ação sobre o seu eu, seu ego, sua alma, que
podem ter diferentes graus de temporalidade e intensidade, bem como de sentido
(para si ou para fora).
Pessoas
espontâneas e as crianças, de um modo geral, tem uma resposta pronta, imediata,
quase impulsiva, que faz o agente que impõe a submissão retroceder, ou aumentar
a pressão. A energia gasta e liberada pode ser intensa, mas é descarregada e
não gera perdas posteriores.
Pessoas
mais controladas podem usar parte da energia dessa reação de modo contínuo,
tentando assimilar a condição imposta, ou racionalizar saídas para evita-las
como alternativas e/ou enfrentamentos dialogais, ou com base em argumentos
lógicos que a protejam dessa imposição.
Quanto
à intensidade da reação existem limites imponderáveis, quando se observam
reações catastróficas, visíveis na história da humanidade recheada de guerras,
batalhas e contendas, que ceifaram muitas vidas. A intensidade voltada para si
também pode ser destrutiva e pior que a morte. É a anulação de sua própria
individualidade. Esse tipo de indivíduo em nada se parece externamente com os
famosos “zumbis”, mas internamente não poderiam ser mais semelhantes.
Perderam-se os parâmetros de individualidade. Socializou-se demais, passou a
ser parte de uma massa disforme de entes que são conduzidos passivamente para
um destino não escolhido e de alternativas apagadas. Segue por uma estrada sem
paisagem. Um estado de estupor, vigil; um paradoxo da vida, apesar da morte; um
estado de decomposição dos elementos que estruturam a alma.
Por
outro lado, há a pressão: algo ou alguém que se impõe. De onde vem essa força e
como ela se constitui? Na maioria das vezes ela é concreta, sensível e
avassaladora, mas há outros tipos, muitas vezes abstrata, disforme, impessoal,
indetectável. Essa, talvez, seja a maior dificuldade de se escapar de suas
garras. Muitas ocasiões, ou circunstâncias, foram propícias para sua
construção, como uma quimera, um quebra-cabeça, que ao final se mostra
assustador, ou determinante de uma posição de esquiva, ou simplesmente de
aceitação conformista.
Para
uma solução terapêutica invocamos a razão - nem sempre acessível de imediato,
muitas vezes nebulosa, obnubilada, submersa, intocável à luz meridiana. Precisa
de ajuda, uma outra razão externa, para o apoio contínuo e sistemático.
Eliminando as aparas, cicatrizando feridas, fortalecendo energias intraduzíveis
para a massa corpórea vigente, assim atua a razão. Medicação bem dosada. Ou
pode intoxicar! Será necessário cuidado,
pois em excesso torna-se forte aliada da pressão, que era só externa, e
transformar a solução, a cura, em uma ilha inabitável de si mesmo.
Incomunicável, alheio, indiferente: um outro lado da mesma moeda. Que apesar de
moeda, não tem valor nenhum!
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