09 janeiro, 2018

CRIATIVIDADE

Por:
José Arlindo Gomes de Sá
Regional PERNAMBUCO
E-mail: zearlindogomes@gmail.com










Ser criativo é exatamente o oposto do lugar-comum. “É a capacidade de pensar fazendo um novo arranjo de ideias novas. Ou seja, a partir de um conceito já estabelecido, criar soluções e estratégias que nunca foram pensadas antes”, explica Ana Paula Cuocolo Macchia, neuropsicóloga paulista.

Numa caminhada, de repente, surge na cabeça uma ideia que resolve um problema sobre o qual se andava matutando há dias. Esse é o segredo da criatividade: olhar o mundo de um jeito diferente, não ter medo de inovar, explorar formas alternativas de fazer as mesmas coisas, ousar trazer sonhos para a realidade.

É mais viável ser criativo dentro de seu próprio mundo, da sua aldeia. Se não conhece as notas musicais, a chance de criar uma melodia é praticamente zero. O físico Einstein, por exemplo, tinha um problema teórico para resolver em suas pesquisas, e o fato de ter estudado física deu a ele a bagagem necessária para lidar com isso. Precisou de muita criatividade, mas também de certo conhecimento, para criar a Teoria da Relatividade. Já o talento artístico de Picasso, associado à sua criatividade, permitiu que ele criasse o quadro Cabeça de Touro, no qual usou um selim e um guidão de bicicleta para formar a cabeça do animal.

O ambiente é importante para a formação da criatividade. Se o lugar que você frequenta está aberto a novas ideias, as chances de criar conexões inusitadas são grandes. Mas é impossível ser criativo se não se admitir a possibilidade de errar. “Criatividade implica fazer algo novo, diferente, que ainda não foi feito. E, se ainda não foi feito, pode não dar certo. É preciso aceitar a falha como uma das etapas dos processos de inovação”, continua a neuropsicóloga. E, como ensinou Alberto Caeiro, um dos heterônimos de Fernando Pessoa: “O único sentido íntimo das coisas \ É de elas não terem sentido íntimo nenhum”.

Sob uma aparência inofensiva, inventar histórias é uma maneira de exercer a liberdade e de lutar contra os que gostariam de aboli-la. Essa é a razão pela qual todas as ditaduras tentam controlar a literatura, aprisionando-a na camisa de força da censura.

Qual a origem dessa disposição para inventar seres, lugares imaginários e histórias? Estou convencido de que quem se entrega à elucubração de vidas distintas daquela que vive na realidade demonstra, dessa forma indireta, sua rejeição à vida como ela é e ao mundo real, bem como seu desejo de substituí-los por outros, fabricados por sua imaginação e desejos.

O primeiro grau da poesia lírica é aquele em que o poeta exprime o sentimento. Se ele tiver vários sentimentos, exprimirá uma multiplicidade de personagens, unificadas somente pelo temperamento e estilo. Um passo a mais, na escala poética, e temos o poeta, que é uma criatura de muitos sentimentos, mais imaginativo que sentimental, vivendo cada estado de alma antes pela inteligência que pela emoção.

Mas não nos apressemos. As histórias escorrem no ritmo dos olhares e dos pensamentos. Se as coisas são as coisas e mais nada, o ofício do escritor será não exatamente falar delas, mas deixá-las falar nele. Assim como um dia nos falou o poeta Manoel de Barros: “Eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina. Assim, ao poeta faz bem desexplicar, tanto quanto escurecer acende os vaga-lumes”.


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