Edson Olímpio Silva de Oliveira
Regional MINAS GERAIS
E-mail: edson.olimpio.7720@hotmail.com
Há uma língua geral e expressões
típicas, próprias de cada região. Trouxemos várias delas que em sua época e
tempo estavam na língua do povo viamonense. Ainda não vivíamos a globalização
de hábitos e costumes na proporção avassaladora de agora. E “globo” era somente uma das designações
do planeta ou da bola terrestre. Hoje estar na Globo, fazer parte da Globo ou
simplesmente aparecer na Globo significa “vida
inteligente”. Para quem botocudo? É um “aborto
da natureza”! Expressão das crianças aos políticos no palanque na Praça da
Borracheira estava na voz das pessoas. De significado abrangente que transitava
por algo extraordinário a uma aberração. Nós gaúchos somos criaturas de
extremos. O dualismo está em nosso cerne. Somos sobreviventes de inverno e
verão no mesmo dia. Torce-se pelo Grêmio ou para o Internacional...
As professoras do meu saudoso Grupo
Escolar Setembrina corrigiam, explicavam, mas aceitavam nas redações – por
favor, acreditem que aluno tinha que estudar, fazer redação, provas, passar de
ano por mérito – que o estudante se manifestasse com a linguagem da sua vida.
Depois sentavam com o aluno ou discutiam as redações no quadro negro. Guris
como eu e o amigo Dálcio Dorneles recebíamos “boas” orientações e algumas admoestações. Um aborto era uma
desgraça na vida de qualquer família e Viamão era território cristão e católico.
A perda de um filho ou de uma filha, a perda de uma vida humana abalaria a
família intensamente e por toda a sua existência. Dor e sofrimento marcados por
missas e visitas à sepultura, afinal “morrera
um anjo” e como tal seria eternamente pranteado e reverenciado. Abortos
propositais, intencionais, premeditados por qualquer método ou aquelas pessoas
“aborteiras” carregariam a mácula da
morte “mais criminosa”, mais cruel,
uma morte inominável.
Hoje tudo é transitório, exceto a
ideologia do poder a qualquer custo. Tudo é facilmente descartável, do carro à
máquina, dos objetos, dos relacionamentos e das pessoas. Essa sensação de
transitoriedade invade as almas das criaturas e jogam-nas num mundo de valores
também descartáveis. Jamais generalizamos. Vivemos uma época de transição em
que diferenciamos e nos apercebemos com mais facilidade do bom e do ruim.
Daquilo que nos serve e daquilo que não presta. A globalização abriu essas
fronteiras. “Estás no Google?” – se
positivo, você existe. Luz e escuridão. Sombras e penumbras estão nesse
caminho. O “fruto do conhecimento” na
árvore ancestral do Éden, do Adão e da Eva nos traz a responsabilidade da
opção. Abre-se o universo do conhecimento e da busca necessária à evolução, ao
aperfeiçoamento, à iluminação da mente e do espírito.
Somos seres de ódio que caminhamos para
o amor Crístico. A “tartaruga no topo do
poste” seria um aborto da natureza. Olhamos para nosso entorno de cidade,
de Estado e de país e o que vemos? Viamonenses de antanho estariam abismados
com tantos e tamanhos abortos da natureza. Absolutamente nada é casual no mundo
ou sob o manto do firmamento, há causa e efeito e não basta desligar-se, fazer
de conta que o problema é dos outros, e sempre apontar para alguém como
causador ou culpado. Até a fé deve ser “raciocinada”
ensinou-nos o grande mentor espiritual. Somos porque permitimos ou porque
resultamos de nossos atos ou de nossas omissões.
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