Agradeço o convite do vereador Dr. Gutemberg Araujo, meu estimado professor, para proferir a palestra "Saúde da Mulher Contemporânea " na Câmara Municipal de São Luís, como parte do projeto de sua autoria "Cuidando de Você", cujo público inicial são os (as) servidores(as) da casa e que inevitavelmente ganhará as ruas da nossa cidade. Parabéns professor pela iniciativa! Leve nosso agradecimento aos seus pares pela calorosa acolhida!
Marcia Silva Sousa -Presidente Sobrames-MA, (com as flores e certificado)
Encontre o que você precisa
31 março, 2017
30 março, 2017
MULHERES DE MARÇO
Por:
Às Mulheres de Aço
Francisco José Soares Torres
Às Mulheres de Aço
O nosso abraço
Internacional
Internacional
Às
Mulheres de Atenas
E outras Helenas
Mulheres de Sal
E outras Helenas
Mulheres de Sal
Às
Mulheres de Areia
Da Santa Ceia
Do Santo Graal
Da Santa Ceia
Do Santo Graal
Às
nascidas na Terra
Na Via Láctea
No Universo
Na Via Láctea
No Universo
Na
Nebulosa de Andrômeda
Nas Nuvens de Magalhães
No Multiverso
Nas Nuvens de Magalhães
No Multiverso
Às filhas
de Deus
Amantes de Zeus
Ninfas do Olimpo
Amantes de Zeus
Ninfas do Olimpo
Nós os
prisioneiros
Da gruta
de Calipso
Dos feitiços de Circe
Dos feitiços de Circe
Dos braços
de Caribdes
Rendemos
saudações
A todas as mulheres
De oito de março!
A todas as mulheres
De oito de março!
29 março, 2017
AO PONTO QUE NÃO MORRA
AO PONTO QUE NÃO MORRA
Autor: Renato Passos (Regional Minas Gerais)
Editora: Usina do Livro - MG - 2016
ISNB - 978-85-67408-26-2
1168 páginas (17,0 x 25,0)
Sinopse: Numa época em que o poder estava nas mãos da igreja e dos coronéis, os menos afortunados viviam sob a tirania do medo, restando-lhes apenas a subserviência. a resignação... O verdugo invariavelmente suplicava. Ao (des)merecido sentenciado, o melhor, a morte rápida. Seria pensável uma tenuidade entre o maltratar e o cuidar? Não, direis..., não. Então te instigamos: AO PONTO QUE NÃO MORRA!
Aquisições e informações com o autor:
E-mail: passosrenato1@hotmail.com
Autor: Renato Passos (Regional Minas Gerais)
Editora: Usina do Livro - MG - 2016
ISNB - 978-85-67408-26-2
1168 páginas (17,0 x 25,0)
Sinopse: Numa época em que o poder estava nas mãos da igreja e dos coronéis, os menos afortunados viviam sob a tirania do medo, restando-lhes apenas a subserviência. a resignação... O verdugo invariavelmente suplicava. Ao (des)merecido sentenciado, o melhor, a morte rápida. Seria pensável uma tenuidade entre o maltratar e o cuidar? Não, direis..., não. Então te instigamos: AO PONTO QUE NÃO MORRA!
Aquisições e informações com o autor:
E-mail: passosrenato1@hotmail.com
28 março, 2017
AS ESCOLHAS
Kátia Marabuco
Regional PIAUÍ
Tenho um verdadeiro fascínio pela saga da evolução
humana na terra. Revistas, livros , novidades científicas do tema, descobertas
arqueológicas do elo perdido me atraem e aguçam meus sentidos investigatórios .
Fico imaginando nossos antepassados nos primórdios
da genealogia humana, nas savanas africanas, nas terras hostis e áridas, nas
cavernas e atravessando o mar de gelo nas eras glaciais; são situações
diversas, desafios e armadilhas que fortaleceram os nossos coletores- caçadores
na elaboração de rotas neurais cada vez mais complexas. Nosso
cérebro, esse extraordinário comandante, onde bilhões de coligações se
expressam nos diversos setores da economia orgânica é o resultado de
experiências dramáticas, mudanças drásticas, tentativas e erros,
busca do bom, belo , salutar e harmonioso. uma interação sinérgica entre as
forças intrínsecas e extrínsecas que nos impulsionam no progredir sempre.
Progredir sim, creio, pois se olharmos para trás
para essa saga maravilhosa da raça humana, nos quedamos deslumbrados de como
saímos das cavernas, desde os hominídeos, o primeiro encontrado Sahelantropus
tchadensis, até os dias atuais, tecnológicos e cosmopolitas.
Esse aprendizado lento ao longo das eras, nos
possibilitou guardamos nos intrincados arquivos do inconsciente as rotas
seguras, as de aventuras, as desafiadoras e de risco, as enganosas , as
cautelosas, os caminhos plácidos e serenos. São escolhas e escolhas.
Escolhas baseadas nas experiências acumuladas. A grande maioria das nossas
escolhas e decisões são baseadas em comandos inconscientes que nos governam.
São impulsos e desejos inconscientes que impelem e influenciam fortemente o que
pensamos e o que fazemos.(1)
É reconfortante pensar na liberdade, neste poder
extraordinário que só um Pai amoroso e compassivo teria nos outorgado, o livre
pensar.
O homem ainda corruptível e mau ao se apossar do
poder sobre seus semelhantes é capaz de coagir, cercear, aprisionar, possuir e
tiranizar, pela ignorância e pelo pequeno e infantil sentimento de
posse.
Somente o Criador em Seu Pleno Amor às suas
criaturas dar livremente essas asas, do livre pensar e da possibilidades de
escolhas. A medida que o ser cresce em experiência e sabedoria se
conscientiza que a semeadura é livre mas a colheita é obrigatória (2). Esse é o
sentimento de madureza espiritual, a consciência da lei do livre
arbítrio.
1) Sciam ano 12 n 141, pag. 26 a 33.
2) Mateus. XIII, 1-43
26 março, 2017
MADEIRA, O RIO NOSSO DE CADA DIA
Viriato Moura
Regional RONDÔNIA
Nascido na Cordilheira dos Andes, com
o nome de Beni, lá vem ele alegre e cheio de vida, ao sabor da gravidade,
acompanhado por uma banda encantada que toca charango, flauta de pã, quena,
violão, bandola e tambor fazendo festa para povos castelhanos. Aos poucos,
despe-se de seus agasalhos tecidos com lã de lhamas enquanto avança pela
floresta da Amazônia Ocidental.
24 março, 2017
MEDICINA E LITERATURA
Manoel Odir Rocha
Regional TOCANTINS
A literatura e a medicina,
por incrível que pareça, estão umbilicalmente ligadas, desde os primórdios do
homem e, estão entre as maiores produções do engenho humano. No início, a
preocupação do homem primitivo com a manutenção da vida, com a doença, com a
dor e a própria morte; paralela à transmissão oral do conhecimento que,
perpetuou e desenvolveu, posteriormente, com a invenção da escrita. Ambas,
sempre juntas, são interessadas na vida e na inquietação do ser humano. A literatura, sendo universal, pode ser
científica e artística.
Hipócrates, o pai da
medicina, dedicou-se à literatura científica e, afirmava ser a medicina, assim
como a literatura, uma arte, por envolver sempre três atores: o médico, o
paciente e a doença. Moacyr Scliar, nosso
médico escritor maior, afirma que a medicina é um terreno fértil para a
inspiração literária, pois sua prática humanista mergulha na natureza humana.
A familiaridade com a
profissão, se somada à convivência com a literatura, permite ao médico conhecer
melhor o seu paciente. Hábitos de ler e escrever ajuda a organizar as ideias e,
propicia ao profissional da medicina uma melhor comunicação com o seu doente,
com a família do mesmo, com os colegas e demais profissionais da saúde, já que,
comunicar-se bem é requisito fundamental para o médico. Essa relação ajuda o
profissional a reconhecer a dimensão humana, tornando-o mais eficiente e
qualificado para lidar com as condições humanas e, podendo finalmente, exercer
a medicina de forma plena.
Além da leitura
obrigatória e frequente da literatura médico-científica, alguns livros de
autores não médicos demonstram excelentes descrições de situações que são de
grande utilidade para os colegas médicos, como O Alienista, de Machado de Assis;
A Tenda dos Milagres, de Jorge Amado; A Montanha Mágica de Thomas Mann e, A
Morte de Ivan Llicht, de Leon Tolstoi. A leitura é, pois, um exercício
formidável e, a argúcia que certos escritores descrevem a realidade, que vai
muito além do que se possa imaginar. A literatura, através da leitura, mexe com
os sentimentos, exacerba e treina a mente, posto que, diferentemente de outras
artes, dá asas à imaginação do leitor, desenvolvendo-a e apurando-a.
No mundo inteiro, desde a mais remota época, pelo seu contato íntimo com o drama da vida humana, fez do médico um observador privilegiado desses sentimentos, gravando e criando histórias; desenvolvendo assim o interesse pela arte de escrever, por prazer, ou quem sabe, como um refúgio anti-stress.
Só para citar alguns: na
Antiguidade vamos buscar os nomes do grego Ctesias de Cnido e do próprio
apóstolo e médico São Lucas. Passando, pela Idade Média, com Avicena,
Maimônides, Nicolau Copérnico, Girolano Fracastoro e Francisco Rabelais; pela
Idade Moderna, com Thomas Campion, Luis Baharona de Soto, Jaques Grévin, Jan
Brozek e Angelus Silesius; na Idade Contemporânea, Oliver Goldsmit, Arthur
Conan Doyle, Alexandre Dumas, A. J. Cronin, Somerset Mougan e Fernando Namora.
No Brasil: Gonçalves
Magalhães, Joaquim Manoel de Macedo, Josué de Castro, Guimarães Rosa, Pedro
Nava, Pedro Saraiva, Ezequiel Dias, Otávio Magalhães, Juscelino Kubitschek,
Americano do Brasil, Eurico Branco, Waldemir Miranda, José Octávio Cavalcante,
Ciro Marins, Carlos Chagas Filho, Júlio Afrânio Peixoto, Francisco Ayres da
Silva, Zé Dantas, Júlio Paternostro, Moisés Paciornick e Pedro Ludovico. Em
atividade: Hélio Begliomini, Flerts Nebó, Thereza Freire, William Harris,
Moacyr Scliar(ABL), Ivo Pitanguy(ABL), João Peregrino Júnior(ABL), Drauzio Varela,
Içami Tiba, Fausto Valle, Hélio Moreira e Daniel Emídio.
Mesmo no Tocantins, apesar
de ser um Estado muito novo e com baixa densidade populacional, já há um
expressivo número de médicos em franca produção literária: Célio Pedreira,
Pedro Cuelar, Múcio Brekenfeld, Jales Paniago, Murilo Vilela, Fernando Lira,
Mário Moisés, Eduardo Bezerra, Mardonio, Joanito Cavalcante, Luiz Teixeira,
Eduardo Manzano, Heloisa Manzano e Odir Rocha.
Vale salientar a presença e atuação da Sociedade Brasileira de Escritores Médicos (SOBRAMES), regional Tocantins, incentivando e apoiando as iniciativas literárias dos esculápios tocantinenses.
Para encerrar, citaremos Moacyr Scliar, o médico-escritor de maior sucesso, tanto no Brasil como no exterior, com mais de 60 obras publicadas em oito idiomas: “Literatura e medicina, lidam com a palavra; no caso da medicina, a palavra é um instrumento terapêutico, no caso da literatura um instrumento de criação estética. Mas interessantes paralelos podem ser estabelecidos entre diferentes usos da palavra. A inter-relação entre a medicina e a literatura é um dos aspectos principais das chamadas Humanidades Médicas, que vêm sendo introduzidas nos currículos de várias escolas médicas”.
22 março, 2017
BORBOLETAS
Aline de Mello Brandão
Regional PARÁ
O choro de Deus
bubuiou
no quente empoeirado da terra
bubuiou
no quente empoeirado da terra
o peito alto dos morros
desmoronou
desmoronou
nas cachoeiras e cacimbas
nascendo os rios de muitas voltas
nascendo os rios de muitas voltas
Ouviu-se o tempo umedecido
na caáuna
e no escuro das folhagens.
na caáuna
e no escuro das folhagens.
A mãe do dia, que via,
e que a tudo assistia
rasgou nas mãos bem fininho
o tecido colorido
do véu da saia e fez asas
a revoar
muito leves
no quase dia tão claro
e que a tudo assistia
rasgou nas mãos bem fininho
o tecido colorido
do véu da saia e fez asas
a revoar
muito leves
no quase dia tão claro
Canto de araras saudaram
todos os seres alados
e a floresta sussurroutodos os seres alados
novo som amanhecido
resguardando o delicado
no aceso olho de Deus.
20 março, 2017
HOMENDIGO
Dagoberto Sant'Anna e Souza
Regional BAHIA
O mendigo foi um homem de bem, digo,
é um
homem de bem
e
bendigo o homem que foi.
0
mendigo é hoje
um
homem de bem consigo
e
não
consigo estar de bem
comigo
vendo
no homem de hoje,
o
mendigo,
o
homem que ontem, nem digo
foi
meu amigo.
19 março, 2017
HOMENAGEM E COMENDA À DRA.CELINA TURCHI
A Sobrames-GO conferiu no último dia 17.03.2017 a comenda
"Ordem do Mérito" à Dra. Celina Turchi, durante a cerimônia de homenagem
pelo fato de ter sido incluída entre as 10 mais importantes cientistas do mundo
em 2016.
Celina
Maria Turchi Martelli é uma médica e cientista brasileira especialista em epidemiologia das doenças infecciosas.
É atualmente pesquisadora no Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães da Fundação
Osvaldo Cruz em Pernambuco. A revista Nature a colocou na lista dos dez cientistas mais
importantes de 2016. Celina Turchi foi uma das pesquisadoras que
contribuiu para provar a relação entre zika e microcefalia.
Da esq. pra dir. : Prof Helio Moreira, Prof Celmo Celeno
Porto, Prof Celina Thurchi, Prof Maurício Barcelos e Prof.Waldemar
Naves do Amaral.
SOBRAMES ALAGOAS - 40 ANOS
Hoje a SOBRAMES ALAGOAS completa 40 anos de fundação. Aos nossos confrades e confreiras de Alagoas nossos parabéns, desejando um caminhar profícuo e perseverante sob a presidência do Dr. José Geraldo Vergetti Siqueira, atual presidente da regional alagoana.
Não podemos deixar de aludir ao ilustre Dr. José Medeiros, na ocasião de fundação no cargo de primeiro secretário, que viria a ser uma das mais importantes expressões da SOBRAMES. Nossa gratidão e reconhecimento aos membros fundadores e aos atuais gestores.
Josyanne Rita de Arruda Franco
Presidente - Gestão 2017/2018
Não podemos deixar de aludir ao ilustre Dr. José Medeiros, na ocasião de fundação no cargo de primeiro secretário, que viria a ser uma das mais importantes expressões da SOBRAMES. Nossa gratidão e reconhecimento aos membros fundadores e aos atuais gestores.
Josyanne Rita de Arruda Franco
Presidente - Gestão 2017/2018
18 março, 2017
DR. CRUZ
Flerts Nebó
Regional SÃO PAULO
(in memoriam)
(in memoriam)
Ela não acordou bem disposta. Dormira mal acordando
várias vezes durante a noite. Ora sentia calor e transpirava, para logo a
seguir ter sensação de frio e uns tremores vagos pelo corpo.
Olhou para o relógio que estava perto de sua cabeça e ele
marcava três horas da madrugada... Era muito cedo.Mil pensamentos passaram por
sua cabeça. Será que teria comido alguma coisa e não conseguira “fazer a
digestão?” Será que estaria tendo um enfarte?
Ou seria algum ataque como os tinha uma sua colega de escritório
e que num repente gritava caindo ao solo e tremendo braços, pernas e todo o
corpo.
Os companheiros de serviço corriam e colocavam um lenço
dobrado em sua boca para que não mordesse a língua.
– Ela é epilética. Ouvira alguém comentando.
– Não tomou
o remédio Gardenal, dissera uma outra.
Deitada em seu leito sentia os braços e as pernas como
que tomados por tremores. Será que também sou epilética? Nunca senti isto
antes. Em minha família que eu saiba nunca ninguém sofreu de ataques...
Outros pensamentos passaram por sua cabeça então sentiu
uma “pontada” nas costas... Assustou-se ainda mais... olhou para o relógio
marcava três e quinze, sua “agonia” aumentou, tinha vontade de levantar e ir
para um hospital... mas não tinha coragem de acordar o marido que placidamente
roncava ao seu lado. Também sair de casa àquela hora seria uma temeridade.
Vou esperar mais um pouco, vamos ver se essa sensação de
mal estar passa... amanhã cedo vou ao ambulatório de um hospital ou num pronto
socorro para fazer uma consulta... Virou para o outro lado na cama e sentiu que
o pijama que vestia estava úmido pelo suor.
Acho que é melhor tirar senão posso até apanhar um
resfriado. Sem fazer barulho levantou-se do leito e pé ante pé foi até a cômoda
onde pegou outro pijama e trocou o que estava úmido por aquele seco.Sentiu que
estava se apavorando por não saber definir o que estava sentindo.
Tornou a entrar na cama, passou o lenço pela testa
enxugando o suor. A pouca luz das lâmpadas da rua que entravam pela veneziana
iluminavam o dormitório.
17 março, 2017
CONCURSO LITERÁRIO, JORNADA E PIZZA EM SAMPA
A todo vapor, a nova gestão da Sobrames-SP anunciou ontem, durante a 320ª Pizza Literária realizada na pizzaria Bonde Paulista, da qual participaram 28 confrades e amigos, mais algumas atividades para 2017:
CONVERSANDO SOBRE POESIA
Dia 23 de março, quinta feira, das 19 as 21h30 na APM
Av. Brigadeiro Luis Antonio 278 - 3º andar, Sala 1
I INTERMED PAULISTA
Concurso de prosa e verso destinado a médicos inscritos no CREMESP e estudantes de medicina. Inscriçôes até 30.06.2017. Cerimônica de premiação no dia 26.08.2017,
na AMB - Associação Médica Brasileira.
Regulamento e informações: CLIQUE AQUI
XIV JORNADA MÉDICO-LITERÁRIA PAULISTA
Será realizada nas dependências da AMB - Associação Médica Brasileira, na Rua São Carlos do Pinhal, 324 - São Paulo - SP, de 24 a 26 de agosto de 2017.
Informações e inscrições pelo email: sobramessp21@gmail.com
16 março, 2017
A VIDRAÇA E A ANDORINHA
Paulo Expedito Rodarte de Abreu
Regional MINAS GERAIS
Quando entro em um carro, seja num dia frio, ou de
intenso calor, faço questão de abrir a janela, do meu lado, já que do outro, o
banco do passageiro, a ocupante não aprecia saborear o vento assoprando-lhe uma
brisa fresca na face, e adora ficar de vidro cerrado, com o ar condicionado ao
máximo, talvez receando que algum malfeitor lhe passe a mão no pescoço, e lhe
afane a correntinha de ouro maciço, presente de alguém, quem sabe fui eu?
Da mesma maneira deixo as janelas de folhas duplas, do
meu quarto de dormir, com as duas bandeiras desfraldadas, quando por elas
entra, pela vidraça, o sol e a tepidez da mornice da manhã de primavera mostrem
a que vieram; permita que a vetusta seringueira, árvore errática, que não
deveria ter sido inserida àquela exígua faixa de gramado, uma reles pracinha
onde se vê um banquinho tosco, onde namorados são pilhados aos beijos e
abraços.
Bem sei que as produtoras de borracha são oriundas do
norte do país. Talvez a seringueira se sinta infeliz ali.
Como disse, tantas vezes, sou contra as superfícies
espelhadas. Não apenas os espelhos, verdadeiros dedos duros que não apenas
comprovam que a velhice, em verdade, é uma fábrica de monstros, assim como
ensejam em nós, os passageiros daquela linda e graciosa idade, pela qual
olhamos para trás, e percebemos, nostálgicos, o quanto foi boa a nossa
mocidade. Mas nada contra estar velho, para mais uma vez sermos sabedores de
que a mocidade se foi, o presente está aí, de olho na gente, o futuro é uma
incógnita, tomara a morte não nos faça uma visita antes da hora.
Hoje, depois de acordar neste domingo, vinte e dois de
janeiro, fiz questão de abrir a janela, aquela mesma que permite ver a
seringueira, verdinha, enfiada no tal gramado onde fincaram um banquinho tosco.
Não fui logo ao desjejum. Tomei um cafezinho expresso.
Lavei o rosto, para ver melhor a partida de tênis onde meu ídolo brandia
magistralmente sua raquete, vindo a vencer seu oponente, o grande Federer,
depois de uma inatividade de seis meses sem torneios, como deve ter sentido a
longa ausência!, desci a rua do condomínio uns exíguos vinte metros, onde ainda
moro, e fui correr uns minutos na esteira do clube, um simpático local de
exercícios, ainda pouco frequentado.
Corri por pouco mais de uma hora.
Neste ínterim observei uma andorinha filhote, ainda
aprendendo que uma só não faz verão, voando baixo.
Naquele seu voozinho frenético, inexperiente, a pobre
avezinha acabava batendo cabeça numa vidraça feita de vidro Blindex, bem
transparente, ao contrário da alma de certas pessoas. Que na frente dos outros
mostram uma face, por detrás, exatamente outra. A de maior e cruel realidade
pura.
Uma hora depois percebi a pobre andorinha, depois de
sucessivas idas e vindas, cair atordoada pertinho da minha esteira corredora.
Fiquei alguns segundos observando se a andorinha iria
se levantar, de novo voar, e sair pela fresta livre do vidro Blindex limpinho.
Foi penoso para mim, cheio de saúde, de energia, de
vontade de viver, comprovar que a pobre ave jazia imóvel no chão de pedra
ardósia, escura, fria.
Terminei a corrida antecipadamente. Ainda desejava
ficar mais ali, exercitando-me, para depois nadar.
Mas, vendo a pobre andorinha com o bico ainda aberto,
sem farfalhar as asinhas, estática, parecia morta, apanhei-a de dedos leves, pelos
apêndices voadores, e depositei-a cautelosamente na grama do lado de fora da
academia.
Não fui logo embora. Estava suado, sem estar cansado. O
clube do condomínio estava às moscas, não fora pela presença do cuidador, o
amável senhor Daniel. Pena aquele lindo logradouro ser tão pouco frequentado...
Meia hora depois fui ver o estado de saúde da
andorinha.
Ela ainda estava no mesmo lugar de antes. De
barriguinha para baixo, na mesma relva onde a depositei, sem sinal de vida
flutuando-lhe dentro do peitinho magro.
Não tive coragem de ouvir-lhe os batimentos cardíacos.
Dentro de mim morava uma quase certeza. Ela estava morta. Não havia chance de
ela sair voando de novo, se juntar a outras companheiras, virar pássaro adulto,
envelhecer ao lado de um macho, para nova família ver crescer.
Agora, longe do sepulcro verde onde, por certo, a
andorinha morreu, escrevendo esta crônica, mais uma vez me veio à lembrança os
vidros e vidraças, em suas janelas fechadas, dos quais desdenho tanto.
Tenho verdadeira ojeriza por vidros e janelas fechadas.
Quando as percebo logo cuido de abri-las, desfraldá-las todinhas, permitindo
assim que entre o ar, o sopro ameno do vento, os ruídos da manhã.
Uma das razões da minha aversão, janelas e vidros
fechados, trata-se, e se corrobora na morte da pobre andorinha, depois de
aprender que uma só delas não faz verão...
15 março, 2017
14 março, 2017
ILUSÃO
Alitta Guimarães Costa Reis
Regional SÃO PAULO
Anoitecia,
e a rua,
de
mais pessoas carente,
acolhia
a luz da lua
num
silêncio ainda quente.
Então
eu vi a coelha.
Branquinha,
longas orelhas,
grande
ventre, saliente,
e,
talvez, quase parindo.
De
onde teria vindo?
Estranho,
nem se mexia...
Mas,
de repente, o que eu via?
Não
era bicho nenhum!
Era
só lixo, arrumado
num
saco branco, comum,
desses
de supermercado,
as
pontas dadas em nó!
Como
se diz, “Freud explique”
as
ilusões da psique...
Resolvi
ser realista,
Marquei exame de vista!
Marquei exame de vista!
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