Fausto Rodrigues Valle
Regional GOIÁS
(in memoriam)
Abrem-se ondas e vagas
à quilha veloz,
afastam-se recifes e escolhos:
passa ao largo
a nau sem músculos,
sua carga de mistério.
Velas pandas, o rijo vento
leva a intimorata argo
a inominados portos.
Velho timoneiro, a face dura
ao sal e ao sol do mar,
lança âncoras ao fundo.
Ao deitar do dia, junto à amurada,
olha a vasta distância
e devaneia,
o devaneio do mestre.
Encontre o que você precisa
30 setembro, 2017
28 setembro, 2017
FRATRICÍDIO EM CARAHYBAS
Agatângelo Vasconcelos
Regional ALAGOAS
Os fratricídios do Sítio Carahybas causaram justificados horror e perplexidade. A sociedade provinciana, logo no segundo ano do novo século (1902), que se esperava de progresso científico e de universal compreensão entre os homens, via-se ameaçada em sua base, a família, pela brutalidade e pela inexplicabilidade do tenebroso acontecimento. Vivia o Brasil a denominada "República Velha" sob a presidência de Campos Sales, e em Alagoas, a "oligarquia Malta" era prestigiada pelo Governo Federal por sua política de apoio as oligarquias regionais, conhecidas como "política dos governadores". O catolicismo romano estava sob a égide da encíclica papal "Rerum Novarum", promulgada por Leão XIII em 1891; houvera o massacre genocida de Canudos (1897), e o Juazeiro do Norte estava sob grande efervescência política e religiosa.
Regional ALAGOAS
Os fratricídios do Sítio Carahybas causaram justificados horror e perplexidade. A sociedade provinciana, logo no segundo ano do novo século (1902), que se esperava de progresso científico e de universal compreensão entre os homens, via-se ameaçada em sua base, a família, pela brutalidade e pela inexplicabilidade do tenebroso acontecimento. Vivia o Brasil a denominada "República Velha" sob a presidência de Campos Sales, e em Alagoas, a "oligarquia Malta" era prestigiada pelo Governo Federal por sua política de apoio as oligarquias regionais, conhecidas como "política dos governadores". O catolicismo romano estava sob a égide da encíclica papal "Rerum Novarum", promulgada por Leão XIII em 1891; houvera o massacre genocida de Canudos (1897), e o Juazeiro do Norte estava sob grande efervescência política e religiosa.
A República (1889) trouxera a inflação, instituíra o
casamento civil e separara a Igreja do Estado. A família era alcançada, pois,
por pressões e por mudanças sociais importantes, as quais certamente
atingiram-na em sua estrutura dinâmico-social.
Qual teria sido, interrogava-se, a "... causa que levou
essas duas infelizes mocinhas a prática de atos de verdadeira selvageria, que
alarmaram a sociedade? " A imprensa, emergente porta-voz do estarrecido
meio-social, tornava públicos os delitos, questionava-os e exigia o seu
esclarecimento, dentro de um padrão científico e legal. O drama daquela família
agrestina, humilde e desconhecida, no seio da qual simplórias adolescentes
praticaram crimes tão bárbaros e irrazoáveis que as fizeram derramar, no seio
da própria família, o luto a dor e a desolação, tornando-as para sempre
desgraçadas..." sensibilizou ao bacharel em Direito, Dr. Euclydes Vieira
Malta, chefe da clã que então detinha o Poder Público em Alagoas. Homem de
formação humanística, este Governador ocupou-se pessoalmente do assunto, já que
na época sobravam tempo e sensibilidade aos Chefes de Estado para levá-los a
este tipo de envolvimento. Por esta razão, o próprio Governador assistiu a um
ligeiro exame medico a que foram submetidas ambas as acusadas e, inclusive,
fez-lhes algumas perguntas. Daí julgou conveniente designar uma comissão de
médicos para elaboração de um documento pericial acerca do caso, ou mais
especialmente, sobre o estado mental das irmãs fratricidas. Outro, aliás, não
era o desejo formulado pela imprensa, que por seus principais órgãos apontava o
mesmo caminho e exigia um trabalho de alta qualidade, como já foi visto. Todo o
absurdo da situação estava a exigir uma explicação científica, vale dizer,
aceitável pela sociedade: só assim poder-se-ia compreender e posteriormente
assimilar tão hediondo acontecimento ameaçador da integridade da família e, por
extensão, do "status quo" vigente. E só a loucura, isto é, a não
razão, poderia justificar ameaça assim radical ao "stablishment".
Mobilizaram-se, pois, a imprensa, o Poder Público e o Saber Cientifico. Este
último representado pela Medicina Legal e caudatário do anterior. E que pelo
cientificismo dominante nas elites culturais, caberia ao discurso psiquiátrico
lançar luzes sobre a questão. Desejamos expressar que o manifesto humanitarista
das instituições, ocultava a existência latente e preponderante de urna
imperiosa necessidade de serem contemporizadas as forças em jogo e de se
apaziguar o meio social. E que isto se processou através do Saber Científico,
via discurso psiquiátrico e diagnostico médico-legal. Um sofisma social que
poderia ser expresso da seguinte maneira: se tudo houvesse acontecido em
decorrência de uma doença mental cientificamente definida, essa patologia,
conteúdo e continente dos escabrosos fatos, encerraria a questão por explicá-la
e justificá-la racionalmente.
Estaria a salvo a família, célula mater da sociedade: somente a loucura mais extrema levaria ao
fratricídio mais incompreensível e gratuito.
As instituições sociais cumpriram o seu papel. As instituições
estavam apaziguadas.
Vale ressaltar que embora não fosse essa uma atribuição do
documento médico-legal em apreciação, em momento algum os seus autores
mencionaram qualquer preocupação terapêutica em relação a Antônia, considerada
como portadora de afecção mental, ou alguma forma educativa ou reeducativa em
referência a Rosa. Já Euclydes Malta, em sua mensagem acima citada, lamenta
nada poder fazer pelas acusadas: "Deploro não possuirmos uma casa ou
estabelecimento, onde pudessem ser convenientemente observados e tratados indivíduos
em tais condições, e mesmo educados no caso de lhes voltar a integridade da razão.
Estivessem em melhor pé as nossas finanças e eu não teria dúvida em vos pedir meios,
para que se fundasse mais esta pia Instituição”.
Fica evidente que tal "humanística preocupação"
tinha como linha mestra, custodiar as menores em uma nova Instituição pia, isto
quer dizer, segregá-las, afastando-as do meio social e familiar onde viviam, no
sentido de protegê-las a qualquer custo.
Que bom para Antônia e Rosa que as finanças do Estado de
Alagoas, já àquela época, estivessem tão combalidas!
26 setembro, 2017
“PINCE-NEZ” e “LORGNON”
Pedro Franco
Regional RIO DE JANEIRO
Amavam-se ao próprio jeito e com total discrição e recíprocas gentilezas. Ambos não tinham parentes. Eram muito sociáveis e frequentavam o Country Club e o Teatro Municipal. Sorriam dos do "café-society" e dos que agora ganhavam euros e pagavam para aparecer nas colunas sociais, ou alegravam-se com fotos na “Caras”. Detestavam política e não votavam, porque corriam para Paris em épocas de eleição, ainda que julgassem muito interessantes as democracias e os movimentos contra a fome no Nordeste e em Bangla Desh. Nunca procriaram, mas julgavam crianças bonitinhas e vivificantes. Liam os clássicos e citavam Joyce e Proust por qualquer motivo. “Comme il faut”. Valorizavam o francês e riam das camisetas com dísticos em inglês e propaganda de grifes.
Nini sempre de sapatos de salto alto e Lulu de sapatos de cromo alemão e cadarços, ambos feitos sob medida. Foram envelhecendo, com a mesma classe, indo às festas de pessoas bem nascidas. Os convites começaram a rarear. Evitavam enterros e lugares da moda. Nunca poriam os pés no Cemitério do Caju, por mais nome que tivesse o falecido.
Por fim morreram envenenados por gás. As mortes só foram percebidas, quando já começavam a feder. O segurança da rua chamou a polícia, ao sentir cheiro de gás, vindo da grade do número 999 da Rua Lopes Quintas. E os empregados não avisaram? Estavam acostumados a chegar pela manhã e encontrar o portão da mansão fechado, pois os patrões, bons patrões porque pagavam bem, ainda que pouco falassem com eles, viajavam sem avisar. Seus ordenados estariam depositados no banco, sabiam. Os dois estavam vestidos a rigor, ainda que em decomposição. Os corpos, em estranhas posições, estavam jogados, como se tivessem pretendido ficar sentados nas “bergères” de couro da sala de visitas, distantes uma da outra.
“Lorgnon” e “pince-nez” no tapete persa, já algo coçado, ao lado das cadeiras, mas mais próximos que os dois corpos. Não foram encontrados bilhetes, ou testamento. Também não havia mais fortuna, que naquele mês desaparecera. Saldo zero no banco. Com a venda da mansão pagou-se empregados, últimas contas, imposto de renda e o advogado, que administrara seus bens durante sessenta anos. Não deixaram dívidas, nem saudades.
Regional RIO DE JANEIRO
Ele usava pince-nez
e ela lornhão. Ele via o tempo em relógio de bolso Patek Philippe, ela
perguntava as horas. Tinham títulos universitários, mas nunca trabalharam.
Viviam de rendas, deixadas pelas famílias. Eram primos de distante parentesco e
usavam vários sobrenomes, ainda que se tratassem por diminutivos.
Amavam-se ao próprio jeito e com total discrição e recíprocas gentilezas. Ambos não tinham parentes. Eram muito sociáveis e frequentavam o Country Club e o Teatro Municipal. Sorriam dos do "café-society" e dos que agora ganhavam euros e pagavam para aparecer nas colunas sociais, ou alegravam-se com fotos na “Caras”. Detestavam política e não votavam, porque corriam para Paris em épocas de eleição, ainda que julgassem muito interessantes as democracias e os movimentos contra a fome no Nordeste e em Bangla Desh. Nunca procriaram, mas julgavam crianças bonitinhas e vivificantes. Liam os clássicos e citavam Joyce e Proust por qualquer motivo. “Comme il faut”. Valorizavam o francês e riam das camisetas com dísticos em inglês e propaganda de grifes.
Nini sempre de sapatos de salto alto e Lulu de sapatos de cromo alemão e cadarços, ambos feitos sob medida. Foram envelhecendo, com a mesma classe, indo às festas de pessoas bem nascidas. Os convites começaram a rarear. Evitavam enterros e lugares da moda. Nunca poriam os pés no Cemitério do Caju, por mais nome que tivesse o falecido.
Por fim morreram envenenados por gás. As mortes só foram percebidas, quando já começavam a feder. O segurança da rua chamou a polícia, ao sentir cheiro de gás, vindo da grade do número 999 da Rua Lopes Quintas. E os empregados não avisaram? Estavam acostumados a chegar pela manhã e encontrar o portão da mansão fechado, pois os patrões, bons patrões porque pagavam bem, ainda que pouco falassem com eles, viajavam sem avisar. Seus ordenados estariam depositados no banco, sabiam. Os dois estavam vestidos a rigor, ainda que em decomposição. Os corpos, em estranhas posições, estavam jogados, como se tivessem pretendido ficar sentados nas “bergères” de couro da sala de visitas, distantes uma da outra.
“Lorgnon” e “pince-nez” no tapete persa, já algo coçado, ao lado das cadeiras, mas mais próximos que os dois corpos. Não foram encontrados bilhetes, ou testamento. Também não havia mais fortuna, que naquele mês desaparecera. Saldo zero no banco. Com a venda da mansão pagou-se empregados, últimas contas, imposto de renda e o advogado, que administrara seus bens durante sessenta anos. Não deixaram dívidas, nem saudades.
25 setembro, 2017
PROGRAMAÇÃO CULTURAL: O RIO DE JANEIRO CONTINUA LENDO
A Comissão Organizadora da IX Jornada Nacional de Médicos Escritores
divulga a programação do evento.
Está é a última oportunidade para você se inscrever e participar.
19/10 - QUINTA-FEIRA
Abertura da Jornada
18:00 às 19:00
ENTREGA DE MATERIAL.
19:00 às 19:30
ABERTURA E COMPOSIÇÃO DA
MESA
19:30 às 19:45
APRESENTAÇÃO SLIDES
SOBRE RJ.
Texto e material organizado por Lúcia Leite, narrado por Paulo Fatal
19:45 às 21:30
COQUETEL COM
APRESENTAÇÃO DE GRUPO MUSICAL
EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA DO RJ: “O Rio de
Janeiro continua lindo” Dr. Lauro Pereira
20/10 - SEXTA-FEIRA
Apresentação de trabalhos
8:00 às 10:30
APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS -Primeira
sessão literária
10:30 às 10:45- Coffee Break
10:45 às 12:15
APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS
12:15 às 13:00
PALESTRA Dra Rosangela Gaze
13:00 às 14:00
ALMOÇO POR ADESÃO RESTAURANTE LA MOLE
Self service em local separado
para o grupo da SOBRAMES.
14:00 às 17:00
APRESENTAÇÃO DE
TRABALHOS-
Segunda Sessão Literária-Parte 1
21:00 ÀS 23:30 - BAR CARIOCA DA GEMA
(adesão)- Av. Mem de Sá, 79. Lapa - Centro, Tel: 21 22210043, com show de samba ao vivo
(micro-
ônibus da Jornada )
21/10 - SÁBADO
Apresentação de trabalhos e encerramento
8:00 às 10:30
APRESENTAÇÃO DE TRABALHO em espaço
privativo do RESTAURANTE FOGO DE CHÃO- Terceira
Sessão literária (micro–ônibus patrocinado, às 7:30, no CREMERJ)
10:30 às 10:45- Coffee Break
10:45 às 12:00
ENTREGA DOS PRÊMIOS e ENCERRAMENTO DA
JORNADA.
12:00 às 14:00
ALMOÇO NO RESTAURANTE
FOGO DE CHÃO (evento por adesão) botafogo@fogoeventos.com.br / http://www.fogodechao.com.br/location/botafogo
14:00 h às 19:00
CITY RIO -City Tour RJ
- (patrocinado pela Regional do RJ)
**************************
PARTICIPE
**************************
PARTICIPE
FICHA DE INSCRIÇÃO
Preencha seguindo todas as instruções abaixo mencionadas 24 setembro, 2017
O MAL DA DISTÂNCIA
Fábio Daflon
Regional ESPÍRITO SANTO
Regional ESPÍRITO SANTO
Longínqua estação de trem abandonada,
onde o mel a abelha fazia do cravo,
linda mensageira de lá me trouxe um recado,
inventado em riso de alegria raro,
tanto como foi do escravo alforriado
ao olhar de pé a morte e seu cajado.
Voluntarioso ao cortar a grama
ordinariamente deixada como pasto
na soleira da porta para uma vaca,
branca como leite com mancha mascavo
rubricada em mama de quatro úberes
ao dispor de quem fiz ter me nascido
único no mundo para ser o travo
na língua e no trato da mulher que amo.
22 setembro, 2017
MEU BANCO DA PRACINHA
José Wilson de Souza
Regional CEARÁ
Procurei o meu banco, da pracinha,
Lembrei dos folguedos de crianças brincando,
Dos casais enamorados passeando,
Bem em frente, nossa igrejinha.
Aos pés do altar eu, sacristão. Rezando
Contrita em oração, minha avozinha.
Minha cabeça ficou em um torvelinho.
Tive a visão de minha infância, doce encanto,
Quando eu e outras crianças alegres saltitantes,
Pulávamos felizes a "amarelinha".
Sorriamos, cantando em grande algazarra
Entre as ramagens de jardins bem cuidados.
Felizes perseguíamos revoadas de borboletas
Troféus vivos da meninada.
Éramos crianças. Como corríamos
Em busca de borboletas, vários matizes.
Sorriam apaixonados os casais sonhadores.
Na igrejinha, hoje Catedral, hinos de louvores.
A pracinha, hoje sem jardins e borboletas, está calçada.
Aquele banquinho da pracinha, qual o paradeiro?
Casais românticos não mais existem, nem os brinquedos.
Não encontrei nada, e com saudades faço caminhada.
Regional CEARÁ
Procurei o meu banco, da pracinha,
Lembrei dos folguedos de crianças brincando,
Dos casais enamorados passeando,
Bem em frente, nossa igrejinha.
Aos pés do altar eu, sacristão. Rezando
Contrita em oração, minha avozinha.
Minha cabeça ficou em um torvelinho.
Tive a visão de minha infância, doce encanto,
Quando eu e outras crianças alegres saltitantes,
Pulávamos felizes a "amarelinha".
Sorriamos, cantando em grande algazarra
Entre as ramagens de jardins bem cuidados.
Felizes perseguíamos revoadas de borboletas
Troféus vivos da meninada.
Éramos crianças. Como corríamos
Em busca de borboletas, vários matizes.
Sorriam apaixonados os casais sonhadores.
Na igrejinha, hoje Catedral, hinos de louvores.
A pracinha, hoje sem jardins e borboletas, está calçada.
Aquele banquinho da pracinha, qual o paradeiro?
Casais românticos não mais existem, nem os brinquedos.
Não encontrei nada, e com saudades faço caminhada.
20 setembro, 2017
TICA E FLORESTIQUINHA
Elizabeth Gomes de Oliveira
Regional RIO DE JANEIRO
Email: elizabethg@terra.com.br
Regional RIO DE JANEIRO
Email: elizabethg@terra.com.br
Lá longe, bem perto do arco-íris, morava uma linda árvore, a
única existente no lugar.
Era uma pequena amendoeira, com um tronco largo, galhos firmes
e raízes profundas
que se dividiam pela terra. Chamava-se Tica.
Na primavera as folhas brotavam. No verão elas se mostravam
tão verdes como a água do mar. No outono, as folhas se tornavam amarelas e
cobriam a terra com um tapete de ouro, e as amêndoas enfeitavam a solitária árvore.Porém,
no inverno, Tica.sentia frio porque perdia o cobertor feito de folhas que
servia para aquecer o seu tronco. Durante o inverno, a amendoeira sofria muito porque imaginava que se
não fosse tão só poderia sentir mais calor, porque os seus galhos poderiam
abraçar outras árvores. E a árvore chorava, chorava e chorava.
Certa noite, choveu muito e as lágrimas da pequena árvore se
misturaram com a água da chuva. Tica ficou tão molhada que quase morreu. Então
pensou: “Por que vivo tão só? Onde poderei encontrar outra amendoeira neste
mundo? Minhas raízes não precisam de tanta água e se eu tivesse uma
companheira, juntas poderíamos matar a
sede.Mas onde posso encontrá-la?” E Tica pediu ao sol, que era seu amigo, para
surgir e secar a terra, que ainda estava úmida.
No dia seguinte, o sol nasceu belo e vermelho e saudou a
arvorezinha dizendo-lhe:
_ Bom dia amiga, não fique tão triste e sinta o meu calor.
Agora poderei enxugar suas lágrimas e secar
a água da chuva. Embora agradecida, Tica lhe fez um alerta:
_ Doce amigo, enxugue as minhas lágrimas e seque a água da
chuva, mas cuidado para não queimar os meus galhos, porque senão eu morrerei.
O sol, que era sábio, porém muito preguiçoso, se esqueceu de
se pôr e quase queimou os galhos da solitária árvore. Ela então berrou
indignada e pediu para ele ir embora:
_ Ó sol, porque você é tão descuidado? Eu preciso de alguém
que cuide de mim e você é muito preguiçoso. Não quero mais que enxugue as
minhas lágrimas e nem seque a água da chuva. Você não serve para ser meu amigo.
E choramingou:
_ Ah se eu pudesse ter uma árvore amiga! Ela poderia me
fazer sombra e eu não correria o risco de morrer queimada. Mas onde posso
encontrá-la?
Cansada, Tica pensou em pedir ajuda ao vento para esfriar os
seus galhos:
_ Por favor, meu querido vento, sopre os meus galhos porque
eles estão me ardendo e eu preciso de um sopro para refrescar-me, mas preste
atenção para não soprar muito forte porque senão eu poderei tombar.
_ Pois não amiga, vou tomar cuidado. Respondeu ele.
Mas o vento, encantado, distraiu-se com a beleza da brisa
que passava ao seu lado e para chamar a sua atenção, ele soprou tão forte que
quase derrubou a amendoeira. Vários galhos soltaram-se do tronco e espalharam-se
por toda a terra e a arvorezinha desesperou-se.
_ Suma daqui vento maldoso, eu preciso de alguém que cuide
de mim e você é muito distraído. Eu não quero mais que você me refresque com o seu sopro. E mais uma vez lamentou-se: “Ah
se eu tivesse uma árvore amiga, ela poderia balançar os seus galhos suavemente
em frente aos meus e eles me refrescariam, e eu não correria o risco de tombar.
Mas onde posso encontrá-la?”
E adormeceu. À noite, a pequena amendoeira sentiu vergar um dos galhos e
gritou.
_Quem está aí?
Com olhos atentos, respondeu um homem:
_ Sou eu pequena amiga. Quero me esconder da lua porque ela
fere os meus olhos.
A árvore, um pouco aflita, perguntou:
_ O que você pode fazer por mim? Pode me abrigar da chuva
com o seu corpo? Pode me proteger do vento e aparar o sol com as suas mãos?
_ Falou com voz firme o homem:
_ Tudo o que posso fazer é espantar os insetos e pássaros que vêm comer os seus frutos.
_ Eu não me incomodo com esses animaizinhos que vem comer as
minhas amêndoas porque elas podem renascer, e além do mais, eles me fazem
cócegas e eu quase morro de tanto rir. Falou a arvorezinha com toda a certeza.
E continuou:
_Portanto, eu não
preciso de você porque não me protege da chuva, do sol e nem do vento, e
depois, tem uma coisa: você é muito pesado, e pode machucar os meus galhos.
Afaste-se de mim. E a arvorezinha resmungou:
_ Ah se existisse uma outra árvore para me proteger dos homens atrevidos que entortam
os meus galhos! .Mas onde posso encontrá-la? E adormeceu novamente.
Na manhã seguinte, a pequena amendoeira estava repleta de
pássaros que vieram construir ninhos entre os seus galhos.
Mas onde posso encontrá-la?
A arvorezinha, zangada, queixou-se:
_ Por que tanta
algazarra?
_ A primavera chegou.
Responderam os pássaros. O inverno já foi embora e agora os seus galhos ficarão cheios de folhas e frutos que
abrigarão os nossos filhotes.
_ Vocês fazem muito
ruído e eu não poderei sentir o prazer de contemplar os brotos que irão nascer em mim e nem de deliciar-me
com a penugem das folhas novas que roça
a casca do meu tronco. Falou a árvore, quase chorando.
Aí então Tica perguntou aos pássaros o que eles poderiam lhe
dar, em troca de um abrigo.
_ Nós só podemos dar
a nossa alegria de viver. Responderam eles com brandura.
_ Eu teria mais alegria de viver se existisse uma
árvore amiga que pudesse beber água junto comigo, fazer sombra e refrescar os
meus galhos. A arvorezinha revelou todo a sua amargura.
Nesse momento, um velho sabiá, que escutava a conversa, deu
o seu palpite:
_ Com o nosso bico, poderemos
espalhar sementes na terra, assim outras árvores poderão nascer e serem suas amigas.
A amendoeira sorriu cheia de esperança.
_ Mas que feliz ideia! Bradou o velho pardal. E
reuniu todos os pássaros do lugar para ajudarem a infeliz Tica. E então,
numerosas sementes foram lançadas à terra pelos pássaros amigos,
transformaram-se em brotos e depois em viçosas árvores de amendoeiras.Todas
eram iguais e naquele momento passou a existir não só uma amendoeira, mas milhares de amendoeiras que se protegiam da chuva, do sol, do vento e dos
homens atrevidos.
E Tica chorou de emoção.
Os pássaros fizeram uma grande festa porque nascia uma linda
floresta. E foi batizada com o nome de Florestiquinha.
E lá longe, bem perto do arco-íris, Florestiquinha vive
feliz há muitos anos, protegida do sol, da chuva, do vento e dos homens
atrevidos.
Hoje Florestiquinha dá abrigo e alimenta todos aqueles que
vivem à sua volta: os animais, as crianças e os homens não atrevidos que sabem
amar as árvores.
18 setembro, 2017
O DOCE DA VIDA
Ana Paula Fernandes Barbosa
Regional ALAGOAS
Email: npdc@uol.com.br
Regional ALAGOAS
Email: npdc@uol.com.br
Filhos! São a razão de viver,
Melhor presente de Deus.
A grande explosão do amor.
Filhos tornam a vida mais doce,
o dia mais lindo,
A noite mais prateada.
Filhos! Podem ser grandes ou pequenos,
Meninos ou meninas...
... serão bebês para sempre
nos corações dos pais apaixonados.
Filhos alegram,
Filhos encantam,
Filhos animam,
Filhos acompanham...
As emoções que os filhos causam aos pais
são as vibrações de maior e melhor representação do sopro do viver.
Ah! Filhos... Meus Filhos!
O doce mais doce da minha vida!
17 setembro, 2017
SUMES - SOCIEDAD URUGUAYA DE MÉDICOS ESCRITORES
Através de um convite enviado em fevereiro deste ano
pela presidente da SOBRAMES, Dra. Josyanne Rita de Arruda Franco, à médica e escritora
uruguaia Dra. Nedy Cristina Varela Cetani para conhecer nosso Blog. Iniciou-se então um interessante intercâmbio com médicos escritores uruguaios.
Reproduzimos neste texto a íntegra de alguns dos emails
trocados entre Josyanne e Nedy, para ilustrar a notícia que divulgados com muita satisfação,
de que foi fundada a SUMES – Sociedad Uruguaya
de Médicos Escritores, em 10 de agosto de 2017. Acompanhe:
______________________________________________
Em 10 de fev de
2017 19:19,
“Josyanne Rita de Arruda Franco” josyannerita@gmail.com]
escreveu:
Caríssima Dra. Nedy Cristina Varela
Cetani,
Convido-a a conhecer o blog da Sociedade Brasileira de
Médicos Escritores - SOBRAMES. Se quiser enviar notícias das atividades de
Médicos Escritores em seu país, encaminhe ao meu e-mail que postarei para que
nossos confrades e confreiras possam ter conhecimento e manter estreito vínculo
com nossos irmãos de ofício e arte.
Conte com nosso apoio. Nosso blog é: sobramesnacional2017.blogspot.com
Fraterno abraço.
Josyanne Rita de Arruda Franco
Presidente Biênio 2017-2018
_______________________________________________
Em 26 de ago de 2017 20:50,
"Nedy Cristina Varela Cetani" <nedy51@hotmail.com> escreveu:
Estimada Josyanne :
Con alegría te comunico que luego
de mucho esfuerzo el 10/08/17 dimos nuestros primeros pasos como SUMES,
Sociedad Uruguaya de Médicos Escritores. Solo faltan los trámites legales.
Han sido años difíciles de muchas
idas y vueltas , de esperas y fracasos.
Ahora ya estamos en marcha y son
muchos médicos escritores los que se han sumado .
He propuesto la realización de un
libro colectivo porque pienso que nos va a unir y afianzará la Sociedad
mostrándola hacia afuera y demostrándonos a nosotros mismos que podemos hacer
cosas juntos.
Un abrazo enorme y agradezco tu
apoyo .
Dra. Nedy Varela
Presidenta de SUMES
Escritora y Coordinadora de
Talleres Literarios.
________________________________________________
Em 27 de fev de 2017
00:30,
“Josyanne Rita de
Arruda Franco” josyannerita@gmail.com]
escreveu:
Estimada Confreira Dra. Nedy Varela:
Com imensa alegria recebemos as boas-novas que relatam a criação da
SUMES, Sociedade Uruguaya de Médicos Escritores!
Regozijamo-nos com todos os colegas médicos uruguaios. Saibam que
poderão contar com o apoio da Sociedade Brasileira de Médicos
Escritores-SOBRAMES, estaremos prontos a caminhar juntos!
Nos dia 19, 20 e 21 de outubro próximo realizaremos nossa IX
JORNADA da SOBRAMES, na cidade do Rio de Janeiro.
Em 20, 21 e 22 setembro de 2018, será realizado o XXVII CONGRESSO
DA SOBRAMES, na cidade de São Luís do Maranhão.
Os Médicos Escritores do Uruguay estão convidados a participar dos
nossos eventos com suas delegações, que certamente serão recebidas com muito
entusiasmo e fraternidade, estreitando laços literários e de amizade.
De nossa parte, faremos de tudo para participar dos eventos e
eventuais publicações para a quais formos convidados.
Peço que mantenhamos assíduo contato para compartilharmos as ideias e
projetos que poderão ser realizados em colaboração e parceria.
Nosso Blog tem o endereço sobramesnacional2017.blogspot.com.br
Visite-nos e envie um trabalho literário seu, acompanhado de fotografia
em boa resolução, que teremos o maior prazer de postar em nossa SALA DE
VISITAS, destacando a criação da SUMES na pessoa de sua presidenta Nedy Varela,
ajudando a divulgar a jovem entidade.
Nosso trabalho há de contagiar outros países vizinhos, fortalecendo
a literatura de Médicos Escritores na América do Sul e ampliando sua
visibilidade para além das fronteiras continentais.
Perseverança, trabalho e confiança serão nossas diretrizes!
Parabéns e boa sorte na caminhada!
Sigamos!
Josyanne Rita de Arruda Franco
Presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores-SOBRAMES
______________________________________________
Em 16 de set de 2017 21:02,
"Nedy Cristina Varela Cetani" <nedy51@hotmail.com> escreveu:
Estimada Josyanne Rita:
Hemos recibido en SUMES con mucha
alegría la carta y los buenos deseos de SOBRAMES.
Esperamos muy pronto poder
participar de los encuentros y disfrutar todos juntos de esta pasión por la
literatura que nos une y nos permite sumar fuerzas.
En este momento, como toda
Sociedad en formación estamos con mucho trabajo y con lindos proyectos :
estamos organizando un libro colectivo y estamos formando una biblioteca, ya
tenemos un espacio en la Biblioteca del Sindicato Médico del Uruguay para dejar
nuestras obras en papel o en PDF.
De acuerdo a lo que me
solicitaste envío una foto y un poema para el Blog de Sobrames junto a un breve
currículum. Para mi será un gran orgullo formar parte de ese blog.
Agradezco me indiques si recibes
todo correctamente.
Les envío un abrazo con
cariño desde Uruguay a todos los compañeros de SOBRAMES , en mi nombre y
en el de todos los compañeros de SUMES.
Te saluda con mucho afecto.
Dra. Nedy Varela
Presidenta de SUMES . Sociedad
Uruguaya de Médicos Escritores
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Em nossa “Sala de
Visitas”, temos a honra e satisfação de receber a primeira contribuição de
nossos novos confrades uruguaios, com versos da Dra. Nedy Varela.
Que seja este o
início de um profícuo intercâmbio entre médicos escritores destes dois países e
que resulte em estímulo à produção literária de nossos escritores.
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