15 novembro, 2017

O LEVANTE DA TRADIÇÃO


Por:
Josyanne Rita de Arruda Franco
Regional SÃO PAULO
Presidente Nacional 2017/2018
E-mail: josyannerita@gmail.com 









                                    
Acordei do outro lado do mundo, um lado que sequer pensara em querer conhecer e que se apresentou a mim de maneira surpreendente, a partir de um convite para representar a Sociedade Brasileira de Médicos Escritores SOBRAMES no XI Congresso da União de Médicos Escritores e Artistas Lusófonos UMEAL, em Macau, na China.

Uma oportunidade singular que conquistou de imediato meu pensamento. A partir de então, esforços foram concentrados para a empreitada, levando na alma e no coração cada sobramista que confiou na dedicação e no trabalho executados com alegria durante 26 anos como membro da Regional SP, presidindo-a por duas gestões consecutivas até chegar à honrada função de presidir a SOBRAMES.
      
Enquanto penso nos caminhos que me levaram ao oriente, ouço a música suave que percorreu os caminhos que eu também percorri e que continua registrada em minha memória neste despertar do terceiro dia em Hong Kong. Um alarido cheio de viço nas conversas que atropelava transeuntes (onde turistas afoitos deslumbrados buscam o melhor ângulo para fotografar a beleza ofuscante da cidade) deixava passar o doce som da flauta de bambu e da cítara, que se instalaram como lembrança recorrente em meus ouvidos.
      
Rapidamente concluí que deveria deixar de lado as fotografias para viver cada momento que se apresentava aos meus sentidos na grande cidade, pois tudo era demasiadamente encantador e merecia ser fotografado, mas eu não conseguiria registrar as imagens de tudo e perderia as sensações que aqueles belíssimos dias ensolarados poderiam oferecer cintilando templos com suas majestosas escadarias e pontiagudos arranha-céus espelhados e jovens.
      
Descansei das lentes da câmera para aproveitar o enlevo da brisa soprando entre alamedas coloridas de pequenas flores, enfeitando o percurso cotidiano de todos os que passam apressados ou praticam o Lian Gong em parques e praças, como se o tempo também se movimentasse devagar, debalde o trânsito intenso e veloz das largas avenidas.
      
Há um mistério quase fantástico nas pessoas e nas grandiosas construções e edifícios. Sinto-me pequena criança extasiada com um mundo mágico, cheio de cores fortes e vibrantes que remetem à riqueza e opulência de imperadores e símbolos tradicionais da cultura chinesa. Quase inacreditável olhar ao redor e ver letreiros luminosos escritos em vermelho e dourado, cintilantes como os meus sonhos da última noite, onde a emoção tornou-me submissa ao seu comando e pude adormecer agradecendo aos céus por estar vivendo um pouco de tanta beleza.
      
Acostumada aos diferentes jeitos e ao comportamento cultural da nossa gente brasileira, um povo resiliente, criativo e cheio de valor que sempre tenta se adaptar ao que se oferece como realidade, encontrei-me invadida por tradições milenares robustas e presentes em todos os cantos de uma cidade espetacular, que só me pareceu possível de ser bem administrada em sua exuberância e grandeza graças à disciplina e à tradição encontradas em todos os lugares por onde passei.
      
Movimentos suaves, olhares inquietos e doces, gentilezas surpreendentes e uma etiqueta genuína, polida e cheia de respeito, fazem parte das relações interpessoais aqui nesse lado do mundo.
      
Descobertas que têm sido marcantes e vão se inscrevendo como inesquecíveis. Nos próximos dias, Macau acolherá os congressistas. Certamente será um desdobramento da experiência sensorial que se descortinou magnífica assim que meu relógio deu um salto de quase doze horas para me apresentar um maravilhoso mundo novo.
      
Tudo me faz crer que muitos outros sobramistas aqui deveriam estar a viver o fantástico experimento de estar no lado oriental do nosso mundo, irmanados com Médicos Escritores de língua lusófona.
      
Que Macau traga consigo grandes e felizes acontecimentos para a Sociedade Brasileira de Médicos Escritores SOBRAMES, fazendo valer cada minuto da difícil adaptação de fuso horário, que faz sentir vontade de almoçar quando é uma hora da manhã e de dormir às treze da tarde, mas também traz a sensação de que tudo será precioso no lado do sol nascente.
     
Sigamos!




                                       

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