15 junho, 2018

O SILÊNCIO DA RESPONSABILIDADE

Por:
Josyanne Rita de Arruda Franco
Regional SÃO PAULO
Presidente Nacional 2017/2018
Presidente UMEAL 2018/2019
















“Os que sonham de dia conhecem muitas coisas
que escapam aos que sonham somente de noite.”
                                                               Edgar Allan Poe

Um período de viagens tomou de mim o tempo necessário ao exercício de escrever e produzir textos que me dessem alguma garantia de que a literatura faz parte do meu cotidiano e de que algo que eu escreva possa ter alguma repercussão entre meus pares de ofício na Sociedade Brasileira de Médicos Escritores-SOBRAMES. Senti falta.

No entanto, as tantas horas de deslocamento para aeroportos, a permanência neles e os longos voos dos últimos três meses também foram parte da preciosa responsabilidade de presidir a SOBRAMES. O resultado compensou o cansaço das viagens.

Recife, Belém e Macapá foram capitais visitadas que acolheram com muita deferência a presidente nacional. Em Portugal, a companhia de membros da Regional Sergipe no Sarau de Lisboa tornou o mês de maio repleto de inesquecíveis momentos, coroados com visita à Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos (SOPEAM).

Nos intervalos das viagens, muitas correspondências também viajaram eletronicamente entre continentes, estreitando laços de amizade e literários, promovendo a Sociedade e convidando confrades e confreiras de outros países para o XXVII Congresso da SOBRAMES em São Luís do Maranhão.

O conteúdo das conversas durante as visitas (e mesmo o das correspondências) é quase sempre o mesmo: a dificuldade que todos encontramos para sensibilizar colegas talentosos a produzir literatura e a participar das confrarias que fomentam tal atividade. O envelhecimento dos membros atuantes e a pouca produção literária coletiva ou individual regem a orquestra do desalento e da apatia que, ainda assim, insistimos em não deixar florescer.

Um talento não deveria se manter adormecido, mergulhado na penumbra do silêncio, imerso na solidão do que não se compartilha. Há muita gente escrevendo, comunicando, disseminando ideias de vários espectros, utilizando todas as mídias disponíveis para divulgar sua arte. Também nós temos a responsabilidade de oferecer respostas ao nosso ofício de ser um Médico Escritor, seja pelo fato de assim mantermos viva a nossa SOBRAMES quanto pela necessidade de humanizar ainda mais a nossa prática, fazendo com que os olhos da ciência se voltem às batidas do coração que se apaixona pela experiência da vida, tornando-a verso e prosa.

A láurea acadêmica que remete ao panteão da glória a trajetória profícua de um médico que se dedica ao estudo e a excelência de sua prática profissional, torna-o exemplo e referência entre seus pares, um mérito incontestável. No entanto, a mansidão de seu espírito ávido e sensível pode transportá-lo para o universo de muitas outras palavras, atingindo o mundo não científico daquele que o lê, estabelecendo uma conexão ímpar com o que é simplesmente humano, uma proeza literária.

Se o mundo está mais vazio e doente, talvez precisemos fazer ecoar novamente a voz da responsabilidade, apropriando-nos da antiga e milenar riqueza que é buscar responder aos tantos apelos de uma sociedade que tem recrudescido ao básico e ao primitivo, mesmo ante todo o aparato tecnológico que facilita a informação, quiçá porque não se deixa afetar pela beleza da comunicação das boas ideias e dos bons sentimentos, recursos nobres que sempre existirão na linguagem que pode construir novos e inspirados mundos.

Ao ofício de escrever! Deixemos registrada a nossa arte, fortalecendo e divulgando a Sociedade Brasileira de Médicos Escritores-SOBRAMES.

Sigamos!



01 junho, 2018

DETERMINANTES E A MEMÓRIA INSTITUCIONAL


Por: 

Luiz Gonzaga de Braga Barreto
Regional PERNAMBUCO
E-mail: lgbarreto@uol.com.br










Prezados colegas da Sobrames

Tenho me preocupado o suficiente, e sei que também é inquietação dos meus colegas, com relação ao ingresso de novos associados na Sobrames-PE, bem como, é evidente que, se poderia ampliar ainda mais a frequência e participação dos associados nas atividades da Sobrames-PE.

Esta semana que passou com tantos desencontros e efervescência na vida nacional, levados pela paralização das atividades do país, aventurei-me, por obrigação, a participar de uma reunião da FBAM - Federação Brasileira de Academias de Medicina, em São Paulo, representando a Academia Pernambucana de Medicina.

Mesmo com muita dúvida com relação à utilização de taxi e de avião, necessários no meu deslocamento, imbuía-me um grande receio pelos prováveis atropelos na viagem, pela falta de combustível, muito evidente.

Fui e voltei, sem maiores transtornos a não ser pelo stress da incerteza, ao percorrer o período mais crítico da crise, entre a quarta-feira e o sábado, ou seja, de 24 a 26 de maio do corrente ano.

A reunião aconteceu no edifício da Associação Paulista de Medicina, no mesmo ambiente em que em 23 de abril de 1965 foi criada a Sobrames pela inquietude e tenacidade de Eurico Branco Ribeiro.

Muito feliz eu fiquei por encontrar várias importantes personalidades do mundo médico nacional e paulistano, destacando entre elas, uma plêiade de sobramistas como Josyanne Franco, Márcia Etelli, Lúcio Prado, José Hamilton e outros.

A Sobrames foi convidada a participar do XVII Colóquio da FBAM como parte do seu interesse de estabelecer uma interface entre instituições médicas, em suas várias modalidades. A Sobrames cumpriu com galhardia e competência o seu papel pelas exposições de Josyanne e Márcia Etelli e a participação dos demais sobramistas ali presentes.

Tive também a oportunidades de visitar, acompanhado por Marcia Etelli, presidente da Sobrames-SP, a sala disponibilizada nesse edifício para a sede da regional daquele estado.

Voltei gripado da viagem, o que me obrigou a ficar em casa do resto do sábado até quinta-feira. Tudo isso por viajar do Recife a São Paulo, por três horas, ao lado de um “griposo”, e mais, pela baixa temperatura que fazia naquela cidade.

De repouso, pude nesse espaço de tempo manusear alguns dos meus livros e entre eles encontrei uma “boneca” de uma publicação confeccionada por Paulo Camelo, a meu pedido, um trabalho que havia sido tenazmente elaborado pelo nosso prezado presidente Dr. José Geraldo Távora “Antologia dos sócios da Sobrames-PE”. Livro que ficou sem publicar, mas estava pronto, até com a sua apresentação escrita por Geraldo Távora e proclamava na sua última frase “Aqui estamos todos nós”.

Estavam ali contidos trabalhos de 83 escritores da Sobrames, em que cada qual apresentava sua biografia e uma das suas peças literárias. Que pena, muitos deles, ou seja, a maioria, 45 associados, já haviam partido para outro plano da existência. Tanta gente boa... Dos outros 38 associados, 15 se desligaram da Sobrames, 11 continuam participando das atividades da instituição em reuniões, produzindo trabalhos literários e participando de encontros e congressos. Os 12 restantes, ainda estando vinculados a Sobrames nominalmente, no entanto, sem participar de qualquer das atividades da instituição.

Vale a pena, como um dever de homenagem, citar os nomes dos 11 baluartes dessa conspiração literária que até hoje permanecem firmes no seio da instituição: Arimá Maranhão Pessoa de Máximo, Cícero Fonseca Fernandes Costa, Claudio Renato Pina Moreira, José Arlindo Gomes de Sá, Luiz Carlos Lira Lins, Luiz de Gonzaga Braga Barreto, Meraldo Zismam, Maria do Céu de Ataíde Vasconcelos, Paulo Camelo de Andrade Almeida, Selma Vasconcelos Figueiroa e Zília de Aguiar Codeceira.

Minha insistente preocupação levou-me em seguida a examinar os nossos arquivos, usando agora a última Nominata publicada em 2016, que atualizei com a agregação de mais quatro sócios ingressados nos últimos períodos.

Observa-se que estão registrados 66 associados. Percebe-se que 31 desses frequentam com regularidade as atividades da Sobrames-PE, 23 não frequentam e 12 se afastaram da instituição.

Este é o panorama que se descortina nestes últimos tempos e que deve ser analisado em profundidade, para daí surgirem múltiplas soluções para o crescimento do número dos associados e sua plena participação nas atividades da nossa instituição.

Sugeria também que os sobramistas fossem distinguidos em produzir biografias completas de cada um dos brilhantes sobramistas que participaram da vida da nossa instituição e que por motivo de falecimentos não mais figuram no quadro terreno da Sobrames-PE.

Oferecendo esse trabalho biográfico certamente lhes proporcionaríamos a sua imortalidade literária em nossa comunidade.




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